Nota de Pesar: VICTOR PY-DANIEL

08/12/1951 - 22/06/2021

Pesquisador se destacou nos estudos com simulídeos transmissores de filariose na Amazônia.

A ciência amazônida perdeu mais um de seus pesquisadores para a Covid-19, na última terça-feira (22), em Brasília. O entomólogo gaúcho Victor Py-Daniel, 69 anos, era pesquisador aposentado do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), onde desenvolveu importantes estudos de epidemiologia e etnoepidemiologia. Destaque para a transmissão de doenças tropicais causadas por insetos, os simulideos (Diptera), conhecidos como piuns e borrachudos, vetores da oncocercose, popularmente chamada de cegueira dos rios, e várias filarioses tropicais. Além disso realizou estudos das culturas indígenas, Yanomami e outras etnias, e como a doença está envolvida nas culturas desses povos. Py-Daniel foi o precursor do Programa para Eliminação da Oncocercose no Brasil.

Curioso desde criança, Py-Daniel aos seis, sete anos já ‘descrevia bichos e ciclos biológicos’, e direcionou seus estudos para a natureza viva. Graduou-se em Ciências Biológicas na Universidade de Brasília (UnB/ 1976), onde fez estágio no laboratório de Parasitologia do Dr Lobato Paraense, um expert da parasitologia tropical. Na sua caminhada conheceu outros grandes nomes da Zoologia, a exemplo de Walter Kempf (entomólogo), estruturou o curso e o laboratório de Zoologia da Universidade da Paraíba, onde passou dois anos. Em 1978, veio definitivamente para a Amazônia, “onde sempre quis viver e trabalhar”, segundo a pesquisadora Lucia Rapp Py-Daniel.

Aqui fez Doutorado no Inpa (1990), sem passar pelo Mestrado.  Fundou o Laboratório de Etnoecologia e Etnoentomologia (Letep/ Cosas) e orientou diversos alunos do Inpa e da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), muitos deles “filhos acadêmicos” que continuam sua linha de pesquisa em várias instituições. Nos trabalhos de campo, alguns arriscados, contou com apoio de equipe técnica do Inpa altamente qualificada e bons companheiros, mas por várias vezes contraiu malária e hepatite. O professor que se tornou uma “escola” ainda hoje é lembrando por muitas comunidades indígenas, como do Médio Juruá.

Ao Dr. Py-Daniel fica a nossa gratidão e reconhecimento pela dedicação à ciência e à valorização da vida dos povos amazônicos. Aos familiares e amigos, nossas sinceras condolências neste momento de tão grande dor. Descanse em paz, Py-Daniel!

Fonte: https://www.gov.br/mcti/pt-br/rede-mcti/inpa/noticias/nota-de-pesar-2013-victor-py-daniel-pesquisador-aposentado-do-inpa