Microorganismos e o meio ambiente natural e urbano

O Mundo em estado de emergência de saúde pública, o mais comentado atualmente nestes primeiros meses do ano de 2020. Constata-se inúmeras notícias sobre a rápida disseminação do COVID-19 em todo o mundo e o caos instalado em países da Europa com milhares de mortos. Mais o que é o Corona vírus? Os coronavírus são uma extensa família de vírus que podem causar doenças em animais e humanos. Em humanos, sabe-se que vários coronavírus causam infecções respiratórias, que podem variar do resfriado comum a doenças mais graves, como a síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS) e a síndrome respiratória aguda grave (SARS). O coronavírus descoberto mais recentemente causa a doença de coronavírus COVID-19.
 
No Brasil a partir do avanço da doença foi publicada a Portaria 356/2020 que regulamenta e operacionaliza as medidas previstas na Lei 13.979/2020 para o enfrentamento da emergência de saúde pública pelo COVID-19.
 
O que mais chama-nos a atenção são as questões crescentes envolvendo o mundo em que vivemos destacando a economia mundial e seus aspectos políticos, religiosos e de vários setores da saúde que tentam a todo custo levar a população informações muitas das vezes duvidosas sobre se podemos sair ou não do isolamento social ou quarentena.
 
A presente nota técnica tem por objetivo orientar sobre o tema “Microrganismos e o Meio ambiente Natural e urbano” de forma a esclarecer e para que possamos aprender a conviver com crises epidemiológicas com sabedoria e no futuro utilizar das ferramentas que já temos disponíveis para se prevenir destes agentes invisíveis a olho nu e que estão convivendo em harmonia com seres humanos e outros animais por séculos e que a partir de práticas não convencionais de alimentação e modos de vida, descontrole populacional e urbano nos traz à tona questões sobre quão frágeis somos diante de microrganismos.
            
Vale fazer um retrospecto sobre as doenças causadas por vírus de veiculação hídrica tais como os vírus entéricos responsáveis pela morte de milhares de pessoas no mundo pela simples falta de sistemas adequados de purificação de água na maioria em países subdesenvolvidos.
 
Na Amazônia na sua rica biodiversidade existem milhares de microrganismos ainda desconhecidos e uma fração de não cultiváveis e que podem ser agentes causadores de doenças ao homem e outros animais.  
 
Alguns estudos registraram bactérias e fungos da microbiota de larvas de Insecta (Diptera) da Amazônia para a busca novos fármacos e agentes de controle biológico contra insetos vetores a saber, do mosquito Aedes aegypti com resultados promissores para uso no meio ambiente natural.
            
Sobre o Corona vírus em uma revisão publicada na Journal of Hospital Infection avaliou as evidências existentes na literatura em relação à persistência de coronavírus em superfícies e à sua suscetibilidade aos agentes de limpeza e desinfecção comumente utilizados em ambiente. A revisão incluiu publicações que continham dados originais sobre a persistência de coronavírus em superfícies e materiais e inativação por agentes biocidas usados para desinfecção. Como ainda não há informações sobre o SARS-CoV2, analisaram-se dados tanto sobre os coronavírus epidêmicos causadores de SARS e MERS, quanto coronavírus endêmicos e veterinários.
 
A maioria dos dados referenciam-se ao HCoV-229E, um coronavírus endêmico, causador comum de infecções de vias aéreas superiores. Em diferentes materiais e superfícies, pode permanecer infeccioso por um período de 2 horas até nove dias. Temperaturas entre 30 e 40°C são capazes de diminuir a duração da persistência de coronavírus com maior patogenicidade, como o MERS-CoV. Por outro lado, temperaturas mais frias parecem favorecer a persistência do vírus, que pode ser maior do que 28 dias, por exemplo, para alguns coronavírus veterinários a 4°C. O tamanho do inóculo também parece ser importante, estando maiores títulos virais associados a maior tempo de persistência.
 
Em pesquisa preliminar no município de Manaus, AM, realizada por Alencar (2019) dados não publicados, a partir de isolamentos em diversas superfícies inanimadas de ambiente hospitalar, pode-se constatar a presença de Staphylococcus aureus coagulase negativa dentre outros gêneros de bactérias em diferentes tipos de superfícies. Muitas vezes o uso de medidas de desinfecção inadequado e a falta de periodicidade e controle da qualidade ambiental desses ambientes, contribuem para sérios riscos à saúde humana. Sabe-se que o controle por agentes químicos da classe quaternária em ambiente hospitalar pode-se evitar a disseminação de bactérias e outros microrganismos eliminando-os, mais que necessitam de constante monitoramento e treinamento pelos os profissionais da área da saúde que por ali frequentam assim como dos gestores e público em geral.
 
Sendo assim novas rotinas devem ser empregadas em todos os estabelecimentos com aglomeração de pessoas para que possamos combater tanto os vírus como outros microrganismos em nosso ambiente natural e urbano e não somente em casos de pandemias.
 
As autoridades mundiais estão diante de um dentre milhares de agentes biológicos infecciosos que tornam-se cada vez mais patogênicos, especulando-se vários fatores relacionados desde ambientais como a própria evolução desses organismos em nosso planeta e as interações parasita hospedeiro que ainda permanecem desconhecidos em muitos aspectos ecológicos, taxonômicos e genéticos cabendo investimentos das autoridades mundiais para incremento de novos estudos e tecnologias, vacinas e a conscientização da população frente a posturas higiênico sanitária a serem seguidas visando a eliminação desses agentes nocivos à saúde humana e de outros animais. 
 
Yamile Benaion Alencar
Bióloga - CRBio 16288/6D
 
Literatura citada:
 
ALENCAR, Y. B.. Microorganismos Endosimbiontes de Insecta (Diptera) da Amazônia. In: Nozawa,S.R; Santos, A.L.W. (Org.). Impactos urbanos sobre a Biologia do ambiente Amazônico. 1ª ed.Curitiba: CRV, 2010, v., p. 1-174.
 
KAMPF G. Persistence of coronaviruses on inanimate surfaces and their inactivation with biocidal agentes. Journal of Hospital Infection, https://doi.org/10.1016/j.jhin.2020.01.022.